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Solo Adventurer Joana & Melanie

Melanie Vaz Pita, com sonhos e lições de grande

Atualizado: 27 de jun. de 2021


António Variações em 1982, uns 11 anos antes de existir a Melanie cantava " Vou continuar a procurar a minha forma, o meu lugar porque até aqui eu só: estou bem aonde eu não estou; Porque eu só quero ir aonde eu não vou" essa insatisfação que nasce com muit@s de nós foi em parte o que trilhou esta história e lições de vida. E tu, estás além?

Sinopse que como nos conhecemos

As amigas das nossas amigas, nossas amigas são. Sejam de perto ou longe, diferentes ou iguais, devemos ver com olhos empáticos e escutar quem fala. A Melanie conheci-a assim, no cruzar de grupos de amizades e deixei-me encantar pela sua visão e forma descartada de viver a vida, ou seja, sem comodismos.

Sinopse sobre a Melanie

Comecemos por algumas informações base: nascida na década dos 90s no ano em que a Whitney Houston batia os tops com o "I will always love you", os UB40 com a sua versão do "(I Can't Help) Falling In Love With You", e os Meat Loaf (i.e. Rolo de Carne) diziam que "I'd Do Anything For Love (But I won't do that)" - muito amor naquele ano de 1993. Mas nem tudo era love, os Depeche Mode lançaram o álbum "Songs of Faith and Devotion" e os Radiohead deram-nos o "Creep". Já estás mais situad@ no tempo ou simplesmente assutad@ porque consciencializaste que 26 anos passaram?

Tudo isto se passou enquanto a Melanie crescia na cidade de Tomar numa família grande e com "a sorte de ter tido um grupo de amigos fantástico". O tempo foi passando e até aos 18 anos sentiu que esteve um "pouco perdida sem saber bem quem era ou quem não queria ser". Com a entrada no novo milénio dois marcos na sua vida fizeram com que se quisesse acordar e aproveitar a vida. Em 2010 o seu irmão faleceu e no ano seguinte um dos seus melhores amigos, ambos num acidente de carro.

A vida recomeçou não uma mas duas vezes.

Em 2011 foi "a primeira a entrar no curso de Estudos Portugueses e Lusófonos na FLUC em Coimbra", foi nessa cidade que pela primeira vez abriu asas para voar. Por lá apaixonou-se duplamente: as ruas abriram-lhe o coração e encontrou o seu primeiro amor. Mas nem tudo foi fácil, nunca é. "A maior dificuldade que tive em Coimbra foi enfrentar os meus medos relativamente à minha homossexualidade tanto perante a minha família como aos meus amigos. Perdi bastante mas e ganhei muito mais".

Chegado o ano de 2013 decidiu novamente mudar radicalmente a sua vida. "Já não me imaginava muito bem a ensinar em Portugal e estava alguma coisa a faltar na minha vida. Bem... Digamos que uma das minhas melhores amigas me influenciou a juntar me ao projeto onde ela estava. Lá fui eu.... Para Inglaterra e tornei-me Instrutora do Desenvolvimento com o College for International Co-operation and Development.

No CICD estive seis meses a trabalhar para pagar as propinas deste curso e depois de mais seis meses de preparação para a aventura seguinte lá fui eu mais seis meses para o continente Africano. Fui para Moçambique para a One World University em Changalane onde tive 42 alunos do curso de 3 anos em Desenvolvimento Comunitário. A minha vida deu a volta. Completamente! Apaixonei-me. Pelo país, pelas pessoas, pela cultura e mais do que tudo pelo trabalho. Dei aulas e mais que qualquer outra coisa atividades nas comunidades. Desde construir salas de aula, fogões poupa lenha, latrinas, fazer agricultura e muito mais... estive também um mês na Cidadela das Crianças, um projeto que é um orfanato e escola - um dos mais bonitos que alguma vez conheci. Não sei explicar bem como em seis meses tudo aquilo que eu era...melhorou. Não mudei mas... Não sei... Apaixonei me pela vida.

Voltei perdida em Maio de 2015. Não sabia bem que fazer. Uns meses depois fui convidada a ficar como professora no CICD e claro que aceitei! Desde então vivo no CICD, em comunidade. Sou professora(mais uma guia que uma professora "normal") o que me preenche como nada antes me preencheu. Tive a oportunidade de viajar com os meus estudantes no período Learn to Travel and Travel to Learn durante 3 meses em 2016/2017 onde viajei por África do Sul, Namíbia, Botsuana, Zimbábue , Moçambique, Malawi e Zâmbia. Esta viagem foi feita por terra (ok... voámos até África do Sul) de transportes públicos e muitas boleias. No início de 2019 estive quase 3 semanas na Palestina (e... To exist is to resist é a frase marcada na minha alma) e neste momento estou em Botsuana de novo. Estas viagens são viagens de investigação/ação onde os estudantes têm de conhecer a realidade do país fazendo uma investigação e conduzindo ações nas comunidades. O meu trabalho é ter a certeza que as realidades mais difíceis são descobertas e ter a certeza que são assimiladas. Claro que a minha experiência também é uma ajuda".

O CICD tornou-se desde 2013 a casa da Melanie. "Viver em comunidade é perfeito para mim, ser uma das sete pessoas a dirigir o Colégio também me deu um sentido de responsabilidade gigante. Vivemos de maneira bem bem humilde mas rodeados do que importa. Começar um centro ambiental no CICD também foi um marco gigante e um projecto a crescer".

E quanto ao seu país? "Não sei explicar mas... sim... Tenho saudades de casa em Portugal, dos amigos que deixei, das minhas irmãs e das minhas sobrinhas, do que lá tinha, do que já não tenho é do que vou sempre ter. Mas... Encontrei algo que me preenche e que faz sentido. Também encontrei o amor da minha vida aqui há três anos e isso tem sido toda uma outra linda bolha. Todos os dias sinto que estou a fazer algo pelo amanhã, pelo meu, pelo da minha família e inspiro-me nas minhas sobrinhas para ser honesta. Lutar contra a pobreza e a mudança climática vale a pena, dá-me sentido à vida. Talvez seja só uma gotinha de água neste oceano vasto! Mas a minha gotinha conta porque estou rodeada de outras gotinhas. Fazemos uma grande onda ao final do dia".

 

Lições de vida na primeira pessoa

-da Melanie para nós-

1. O amanhã é feito hoje

Aprendi isto quando me apercebi que o planeta está em crise e foi aí que decidi que tenho de fazer alguma coisa. Tudo o que fazemos hoje tem impacto amanhã e cada vez que pensamos "aaahhh...não importa! É so desta vez" estamos literalmente a enganar-nos. Bem... isto também conta para tudo o resto nas nossas vidas, não só para o futuro das gerações. Daí ter decidido viver em comunidade e crescer o máximo possivel da minha comida.

2. Viajar é a melhor fonte de conhecimento

Sem dúvida! Abrir horizontes, ver outras realidades, tocar essas realidades... partilhar de ti com o outro. Deixar @ outr@ ser visto. A verdadeira informação vem em primeira mão e quando podes tirar a tua conclusão e falar da tua experiência.... aí já cresceste e provavelmente já ajudaste a crescer.

3. Há pobreza em todo o lado.

Das minhas viagens entendi que sim... sobreviver com menos de um euro por dia e alimentar a família de nshima (i.e. tipo de comida em África) todos os dias é pobreza. Mas que viver sem sentir é a pobreza mais triste que vi. Viver constantemente com maldade é a coisa mais pobre que alguma vez vi. E isso vi em qualquer parte que vivi/viajei. O que fazer acerca disso é bem simples: sê a melhor versão de ti próprio sempre. Porque da mesma maneira que uma pobre pessoa se vê, também se vê uma rica pessoa.

4. Aceita-te completamente

Percebi que aceitar o verdadeiro eu é muito mais importante do que qualquer outra pessoa me aceitar. Por exemplo ser homossexual foi a coisa mais difícil de "ultrapassar". Aceitar que sou e pronto e que quem me ama verdadeiramente não terá um problema com isso foi um processo bem longo. A verdade é que enquanto eu tive dúvidas e problemas em aceitar quem sou e que Amor é só....Amor! Enquanto não percebi isto não fui feliz e não percebi que quem me apoia, me vê e me ama igualmente. No final de contas eu sou exatamente a mesma pessoa! Quando me apercebi de tudo isto o meu mundo brilhou. Aceitar que a caixa que alguns fazem para ti é pequena ou estreita demais é aceitar(es-te) completamente.

5. Não vivas numa só bolha

Calçar os sapatos de outrém tornou-se essencial na minha vida. Quando me apercebi que haviam momentos em que perdia por não entender (ou querer entender outro) a minha "bolha" rebentou. Apercebi-me de que a beleza da vida é exactamente as diferenças. Diferenças em crenças, culturas, linguas, relações, histórias e estórias. Entendi que quando algo não é, pensa ou age como eu há um motivo e esse motivo é tão válido quanto o Eu é válido. Quando deixei de viver numa bolha comecei a ver Nós mais do que eu, eu e eu. E quando isto aconteceu tornei-me livre.



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Boas Aventuras,

Solo Adventurers Joana & Melanie Pita

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