O destino baralha as cartas e nós jogamos. É assim que a vida funciona. Não sempre, claro, mas muitas vezes. E, como em qualquer jogo, ora se perde ora se ganha. E está tudo bem com isso.
Não estava traçado no meu destino
Pensar sobre o destino é pensar em algo que nos transcende. E confesso-vos, dou por mim muitas vezes a tentar desculpar os fracassos da minha vida com o tão conhecido mote "Não estava traçado no meu destino".
- Então mas afinal o André não é o amor da minha vida? Não faz mal, não estava traçado no meu destino. E ele não beijava assim tão bem.
- Como assim não consegui entrar em Direito? Não faz mal, não estava traçado no meu destino. E eu nem gosto de política.
- Como assim não tenho o corpo estrutural de uma modelo? Não faz mal, não estava traçado no meu destino. E eu até gosto das minhas curvas assim.
Percebem? Dá para tudo. Tentem vocês e verão como tenho razão. Quem, em 2014, disse que A Culpa é das Estrelas, certamente não acredita no destino. Para mim, A Culpa é do Destino, e vai continuar a ser durante muito tempo. Até porque se eu culpar as estrelas por não ter entrado em Direito os meus pais são capazes de me convidar a visitar uma psicóloga, por perda de sanidade mental ou assim.
O poder das crenças
Aqui entre nós, eu sei que o André não era, de todo, o amor da minha vida. E também sei que não tenho um corpo estrutural de uma modelo porque tenho uma ligeira alergia a ginásios e essas coisas. Tal como sei que tantas outras coisas que me correm mal não são culpa do destino. Pelo menos, não tantas vezes quanto aquelas que eu digo.
O que eu quero dizer é que culpar o destino atenua, de certa forma, a dor e o desgosto de perceber que às vezes a vida não corre como nós idealizamos. Acreditar que há algo que me transcende a controlar os meus passos, as minhas derrotas e as minhas vitórias, dá-me alguma tranquilidade. E a verdade é que a vida não passa de um jogo, e o bom de perder é saber que quando ganharmos vai-nos saber muito melhor.
Comments