Amizade = Proximidade + Frequência + Duração + Intensidade
Mais do que uma dica de leitura, esse pequeno texto disfarçado de inspiração, tem como base um livro apaixonante - na minha humilde opinião, e que foi capaz de abrir os meus olhos para as minhas relações e para a forma como eu construía os vários níveis de amizade durante toda a minha vida.
“Manual de Persuasão do FBI” é mais do que um livro de espionagem. Aliás, arrisco a dizer que ler esse livro para aprender segredos obscuros das organizações de investigação ao redor do mundo, é deceção certa. Esse livro tem uma linguagem engraçada, explicativa e inteligente. É a prova concreta que pequenos detalhes e pequenas ações, podem sim, mudar o rumo da história.
“Pecamos”, muitas vezes, por falta de conhecimento! Essa frase parece um tanto religiosa, é verdade, mas nunca fez tanto sentido. A fórmula apesar de simples é extremamente exigente com quem a pratica, principalmente se os objetivos são muito claros e por vezes, para fins profissionais.
Apesar de vivermos numa era extremamente tecnológica e recheada de AI - Artificial Intelligence, nenhum robô ou criação semelhante foi capaz de criar tal proximidade e conexão como nós seres humanos fazemos. Para fins benéficos e/ou maléficos, lembrando sempre que os pontos de vista são muito relativos e podem ser interpretados das mais variadas formas.
Um dos autores, Jack Schafer, é um ex-agente do FBI - Federal Bureau of Investigation - que fez parte do Programa de Análise Comportamental da Divisão de Segurança Nacional. É professor da Western Illinois University no Departamento de Aplicação da Lei e Administração da Justiça (LEJA) nos EUA, além de ser PHD- Vulgo Doutor, em Psicologia.
É um “mega currículo'', e o mais engraçado, Jack é dono de um sorriso simpático e de uma aparência simples. Se o visse na rua, não imaginaria a sua capacidade de analisar pessoas e comportamentos.
Tudo isso, é traduzido com muita clareza no livro através da fórmula da amizade. Com ela somos capazes de projetar a nossa imagem pessoal, criar relações duradouras nos variados âmbitos da nossa vida, conexões que nos podem apoiar no crescimento da carreira - e não estou a incentivar você a ser a Anna Delvey, ok?(mas se não viu a série na Netflix, recomendo) - reconhecer linguagens e comportamentos corporais para saber como reagir… entre outros.
Enfim, os benefícios são muitos e eu sou suspeita, já que sou apaixonada pelo comportamento humano e pela neurociência.
Sem mais conversa, vou tentar explicar de forma resumida o que é essa tal fórmula.
Amizade = Proximidade + Frequência + Duração + Intensidade
Vamos começar por falar sobre a Amizade. Uma amizade, tem vários níveis e da mesma forma, várias representações na nossa vida. Eu e você temos amigos que vemos várias vezes, outros que vemos menos, outros que classificamos para momentos específicos. De forma errónea ou não, categorizamos as pessoas de acordo com os vários elementos que vamos coletando.
Mas, porquê? É aqui que entram as variáveis da nossa equação:
Proximidade, Frequência, Duração e Intensidade.
Proximidade
É a distância entre eu e o outro relacionado ao tempo em que estou próxima a ele. Se uma pessoa logo ao início recebe estímulos meus que transmitem uma mensagem de ameaça, dificilmente a proximidade vai acontecer. Um bom exemplo: Um novo colega de trabalho que chegou e ainda não conhece ninguém. Se você transmitir estímulos de indiferença, competição ou desprezo, dificilmente vai conseguir aproximar-se e perceber o potencial que ambos têm juntos. Sorria, convide-o para almoçar, ajude-o a habituar-se à nova função e à nova rotina!
Frequência
Tem um amigo ou amiga que vê sempre? O que normalmente acontece a seguir? Tende a abrir-se e a criar uma maior confiança e proximidade com a pessoa. Pense nas suas amizades e relações atuais. Lembre-se, frequência é o número de contatos que tem com essa pessoa e quanto mais contato (e duração, falo sobre esse ponto a seguir), mais influência sobre os seus pensamentos e sobre as suas decisões essa pessoa vai ter. Gosto de conviver com pessoas que sonham e buscam objetivos semelhantes aos meus mas que já estão em patamares de experiências diferentes. Assim posso absorver e aprender com a experiência deles. Apanhou a dica? ;)
Duração
Vocês costumam se encontrar muitas vezes (frequência) e durante um longo tempo? Bom sinal. Há uma maior probabilidade de uma construção de confiança entre vocês. Duração é o tempo que vocês passam juntos. Uma viagem de trabalho, um evento, um projeto entre equipas… Quer se aproximar de um potencial chefe ou de potenciais oportunidades? Tente aumentar a frequência e a duração dos contatos. Sempre com bom senso e calma! Caso contrário, só vai parecer um maluquinho desesperado.
Intensidade:
Não há como explicar o que é intensidade sem citar de forma explícita a explicação do autor:
“Intensidade é o quão fortemente você é capaz de satisfazer as necessidades psicológicas e/ou físicas de outra pessoa, seja com comportamentos verbais ou não verbais.”
Resumindo a ópera, queremos pessoas felizes e realizadas à nossa volta. Seja proativo, disponível, solícito… mas não faça por querer alcançar um objetivo apenas de forma leviana. Faça porque, efetivamente, satisfazer as necessidades alheias, pode ensinar grandes lições e abrir grandes portas.
A ordem das variáveis nesta equação e a forma como utilizamos cada uma delas, pode variar muito. Às vezes não temos a oportunidade ou o tempo necessário para nos aproximarmos de alguém como gostaríamos. Lá se foi a “proximidade”. Às vezes, a primeira oportunidade é uma “intensidade”. E aí? Tentaremos utilizar a “frequência” e a “duração” para que essa amizade seja construída.
Se hoje o seu chefe está mais aborrecido e fechado, seja apenas prestativo e proativo. Intensidade.
Sugestão: chame-o para almoçar (duração e frequência).
Há um evento na cidade com diversos profissionais da sua área. Vá! Quem não é visto, não é lembrado. Frequência.
Mande uma mensagem de aniversário para aquele contato que conheceu num jantar da empresa, há 2 anos atrás. Proximidade e depois, frequência.
O que vale sempre é utilizar o bom senso e estar atento aos sinais.
O nosso cérebro é uma máquina potente e capaz de interpretar “provocações” à nossa volta. Estímulos de vários tipos o tempo inteiro. Um bom exemplo, são os estímulos da comunicação, sejam eles visuais, auditivos ou olfativos.
Pessoas fazem o mesmo! Mas não nos ensinaram inteligência emocional nas escolas. Não aprendemos a perceber olhares, gestos, tons de voz, formas de reações e tantos outros impulsos.
Na faculdade aprendi a emitir estímulos para captar a atenção de um potencial comprador com base no que ele dizia nos estudos anteriores. A neurociência ensinou-me a emitir estímulos de acordo com as reações fisiológicas, cognitivas e todo o universo de comportamentos do mesmo indivíduo. Reações dificilmente mentem.
Observe o mundo, os estímulos humanos, seja você mesmo na sua melhor versão.
“Você nunca recebe uma segunda chance de causar uma boa primeira impressão.” — Will Rogers (Ator, comediante, cronista e roteirista norte-americano)
E leia o livro todo! É fantástico.
PS: crónica redigida em PT BR, respeitando o idioma da autora.
Muito grata Sabrina, bela exposição do , desperta nos para uma tomada de consciência em relação ao assunto😘