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Foto do escritorJoana Firmino Ribeiro

“Girl, Woman, Other”, de Bernardine Evaristo

Atualizado: 1 de fev. de 2021

Cinco capítulos, doze mulheres, incontável número de anos.Girl, Woman, Other” é um dos livros mais aclamados de 2020. Publicado em 2019, é pelas mãos de Bernardine Evaristo, autora anglo-nigeriana, que temos contacto com uma realidade que a nós nos vai escapando por entre os dedos. Bernardine, uma mulher que nos dá a conhecer outras doze mulheres, conta-nos o passado, o presente e leva-nos a imaginar o futuro de um Reino Unido, e o que foi, é e será para este grupo de mulheres tão heterogéneo. Mas com tanto em comum.




Amma revela-se o elo entre todas. É curioso pensar que numa altura em que cadeias de transmissão de um vírus e redes de contacto reclamam o seu espaço nos órgãos de comunicação social, acrescendo de importância dia após dia, também neste livro só no fim de cada capítulo vamos percebendo quem e o que as une. Yazz, filha de Amma. Carole, tutora de Penelope, a melhor amiga de infância de Amma. Morgan, que é idolatrada por Yazz, e que vai estar diretamente relacionada com a Dominique (não posso dizer mais, um spoiler nos livros dói muito mais que numa série!), que por sua vez é a melhor amiga e antiga colega de Amma no teatro. Tudo vai dar a Amma, como comprovamos no epílogo, e acredito que a escolha por contar a sua história em primeiro lugar não terá sido aleatória – uma mulher queer e negra, que nos mostra como é viver e respirar arte, que explora todas as possibilidades e que nos faz acreditar que não há limites. Mas que os impõe para o bem da sua própria vida, em especial no que aos homens diz respeito, e da vida da sua filha.


Ainda que seja o epicentro do livro, Amma não o é em simultâneo. Todas estas mulheres nos ensinam alguma coisa, todas nos trazem uma característica que identificamos em nós mesmas. Até com Shirley e Penelope, mãe e filha, duas das poucas personagens brancas neste livro e as duas com quem menos simpatizei. Um livro que tem tudo, desde padrões heteronormativos à luta pelo seu fim, à importância da cultura e como move fronteiras, ao feminismo e independência das mulheres. Um livro que é feito essencialmente de escolhas. E um livro do qual ainda vamos falar durante muito tempo, dada a revolta que nos causa por sabermos que de ficção tem muito pouco.


Não é um livro para mulheres, como muitos poderiam pensar, mas sim um livro sobre mulheres e que deve ser lido por todos.




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