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Beatriz Silva

Heterónimos: uma mixórdia de emoções

Todos temos heterónimos. Uns mais do que outros, mas tenho a certeza que todos já nos sentimos na pele de outro alguém. São as nossas outras pessoas a apoderarem-se da nossa alma. E o pior é que, muitas vezes, fazem isso sem qualquer autorização.


" Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem achei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê,

Quem sente não é quem é (...) "

Fernando Pessoa



Ter em nós várias pessoas já é uma tarefa desafiante. Mas a coisa não melhora. Devo (re)lembrar-vos que cada uma tem as suas emoções. E é muito importante que as saibamos ouvir a todas.



As 5 principais emoções dos nossos heterónimos


Como simpatizo bastante convosco, vamos falar um bocadinho sobre as 5 principais emoções das nossas pessoas, assim elas não vos apanharão de surpresa. Caros leitores, decorem o Medo, a Tristeza, a Alegria, a Raiva e o Nojo.


O Medo não tem de ser visto, necessariamente, como algo negativo, porque se pensarmos bem é graças a ele que refletimos duas vezes antes de cometer uma grande loucura. É o nosso instinto protetor a falar mais alto.

A Tristeza, também ela é natural e saudável, e devemos respeitar o nosso heterónimo quando ele a quiser expressar, normalmente é através dela que nos tornamos mais fortes e capazes. Ainda assim, estejam atentos e, quando ela estiver distraída, mandem-na embora.

A Alegria, arrisco-me a dizer que é a preferida, quase equiparada a um bolo de chocolate. É aquela amiga que queremos como dama de honor no nosso casamento. Preservem-na.

A Raiva, ótima para descarregar aquelas frustrações que vocês sabem. Ou para falar mal do patrão que não nos aumenta o salário. Seja como for, cuidado para não a descarregarem nas pessoas que mais gostam. Esta costuma ser traiçoeira.

O Nojo, típico de quando temos de tirar a comida que o nosso namorado deixou no ralo do lava-loiça. Por amor de deus, Duarte. Fora isso, acreditem que já nos salvou de muitas envenenamentos, tanto a nível físico como psicológico.



Não conheceres os teus heterónimos é um desperdício da pessoa que és.












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