No seguimento do liveshow "Doses de Inspiração" 💊 em parceria com o Gabinete Psicologia partilhamos contigo algumas questões importantes no âmbito da Saúde mental.
As perguntas são nossas mas as respostas são do Psicólogo Dr. Bruno.
1. Enquanto profissional de saúde mental quais são os desafios mais comuns em relação a crianças que as famílias lidam?
Considero que um dos desafios mais comum para as famílias, prende-se com o exercício da parentalidade.
Constata-se que as histórias desenvolvimentais dos pais, o seu relacionamento conjugal e a sua posição profissional influenciam as suas personalidades e estado psicopatológico, que, por sua vez, afectam o processo de parentalidade e este, consequentemente, tem efeitos no desenvolvimento infantil.
No que se refere aos desafios que são colocados aos pais relativamente às características das crianças, podemos indicar o temperamento difícil por parte da criança (e.g., maior negatividade, irritabilidade persistente ou pouca sociabilidade) que tende a suscitar nos pais um comportamento menos responsivo, com maior hostilidade e, por vezes, com menor sensibilidade às necessidades da criança. Para além disso, uma maior tensão e conflito na relação conjugal, poderá culminar ou não em situações de desequilíbrio familiar, pois os pais tendem a experienciar um menor envolvimento e cumprimento das suas funções parentais (diminuição do afeto, comunicação, controlo e monitorização dos filhos).
Os pedidos por parte da família nas nossas consultas com a criança e adolescente, são sobre, dificuldades de aprendizagem, problemas de comportamento, dificuldade em em dar-lhes regras e limites. No fundo questões relacionadas com a comunicação e relação entre pais e filhos. Verifica-se ainda que as crianças e adolescentes apresentam muitas vezes problemas ao nível da autoestima e principalmente de autonomia.
2. Parentalidade consciência é um dos métodos para gerir a atualidade nas crianças?
A Parentalidade Consciência é um método que tem por base o Mindfulness: a atenção plena no momento presente, de forma não avaliativa e sem julgamentos.
Surge como uma forma de estar e educar consciente mais alinhada nos valores, no instinto dos pais para que possam desta forma conseguir colocar-se melhor no lugar da criança e perceber as suas necessidades. Remete também para o autoconhecimento das suas necessidades enquanto pais. A Parentalidade Consciente tenta responder a perguntas do tipo: O que se está a passar com o meu filho neste momento? O que é que o meu filho necessita? E O que é que eu estou a sentir?
A literatura está repleta de métodos e modelos sobre parentalidade, existem imensos livros de autoajuda orientados para a parentalidade.
A Parentalidade Consciente parece-me que remete mais algo mais filosófico, de certa maneira para um estar na vida. Mas não sei se responde às questões mais práticas da parentalidade.
Nós no Gabinete de Psicologia, temos vindo a investir na Educação Parental. É um conjunto de atividades educativas e de suporte que ajudam os pais ou futuros pais a compreenderem as suas próprias necessidades sociais, emocionais, psicológicas e físicas e as dos seus filhos e aumenta a qualidade das relações entre eles. Estes programas normalmente são dinamizados através de grupos de pais, no sentido de se criar uma rede de suporte e de partilha dos desafios.
No geral os programas de educação parental, têm como objetivos específicos o de informar e orientar os pais sobre o desenvolvimento e a socialização da criança e do adolescente; prevenir problemas de desenvolvimento da criança e promover as relações familiares; capacitar os pais com estratégias relacionadas com o controlo do comportamento da criança e do adolescente; estimular a participação dos pais na aprendizagem e experiência escolar da criança e do adolescente; prestar apoios específicos a famílias de crianças com problemas de desenvolvimento; e proporcionar apoios sociais na comunidade.
3. Que dicas tem para mães, pais, educadores?
Existem muitas dicas que poderia dar aos pais e educadores, mas a dica que gostaria de partilhar hoje com eles, é a importância de brincar com os filhos.
Brinquem com o vosso filho pelo menos 10 a 15 minutos todos os dias. Se há mais do que uma criança na família, se possível tentem brincar com cada uma delas separadamente, desligue o telemóvel para que a criança perceba que o tempo que estão a passar juntos é importante.
O benefício mais óbvio de brincar é que ajuda o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e de socialização. É uma oportunidade para as crianças aprenderem quem são, o que conseguem fazer e como se relacionar com o mundo à sua volta. Através da brincadeira, as crianças são capazes de descobrir e explorar, usar a imaginação, resolver problemas e testar novas ideias. Através destas experiências as crianças aprendem gradualmente a controlar o seu ambiente e tornam-se mais competentes e mais autoconfiantes.
Acho que aqui fica uma boa dica para os pais, mas lembrem-se de permitir que seja a criança a guiar a brincadeira, siga o ritmo da criança. Elogie e encoraje as ideias e criatividade da criança. Mas principalmente ria e divirtam-se com as brincadeiras da criança.
4. Face ao momento que vivemos (Covid19) como se pode gerir esta atualidade nas crianças?
Gerir emocionalmente a situação atual com crianças e adolescentes a seu cargo é um desafio exigente. É normativo que os Pais/Cuidadores se sintam ansiosos, preocupados e até desorientados. Para responder a este desafio é necessário haver uma adaptação e encontrar novas estratégias para organizar o dia-a-dia. É fundamental que as famílias organizem uma rotina diária que responda às necessidades de todos e que equilibre momentos de trabalho e lazer, de interação e autonomia, e tempo para o próprio.
Considero que esta situação trouxe para as famílias uma oportunidade de passarem mais tempo em família, para fazerem atividades para as quais não costumam ter tempo e para estarem mais próximos uns dos outros.
Para além disso, falem com as crianças e adolescentes sobre o coronavírus, partindo sempre do que elas sabem. Expliquem o que vai acontecendo, baseadas em informações precisas.
Planeiem atividades em conjunto, negoceiem em conjunto os momentos de descanso e de lazer individual, mas também de lazer em família. Desta forma, assegurarão o respeito pelo espaço e privacidade de cada um, promovendo também o contacto entre todos os elementos da família e a diminuição da sensação de isolamento. Ajudem-nos a manterem os hábitos de estudo, diferenciando a zona de estudo com a zona de lazer.
Em caso de necessidade, o Gabinete de Psicologia está disponível para apoiar os pais e filhos, neste momento tão desafiante.
Poderão agendar consultas através do nosso contato telefónico +351 918 565 368 ou por email geral@gabinetepsicologia.pt
Vê a liveshow "Doses de Inspiração" que deu origem ao tema deste artigo:
Também disponível em podcast no Spotify!
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