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Foto do escritorBeatriz Bernardo

Ser a ajuda exterior num ataque de pânico

Bem sabemos que não é fácil passar por uma experiência tão pouco agradável como um ataque de pânico. Porém, por vezes - devemos reconhecer - não mais fácil é estar no papel de mero espetador. A complexidade e desconhecimento da situação, o facto de se tratar de algo inesperado e sem razão aparente e a própria rapidez do desenrolar de um ataque de pânico podem fazer-nos acreditar que não somos suficientemente capazes de auxiliar alguém que esteja a passar por tal coisa. Este sentimento de impotência não deve ser levado a sério, uma vez que podemos constituir um importante contributo quando se trata de ajudar alguém. Ajudar está ao alcance de todos nós.


Mas como?


O passo essencial, a não esquecer, baseia-se em não sobrecarregar a pessoa com demasiadas perguntas. Alguém que está a ter um ataque de pânico não tem respostas para dar. Fazer perguntas só fará com que a pessoa se sinta mais perdida e desorientada, por não saber como lidar com tudo o que está a sentir.


O segundo método passa por evitar a desvalorização da situação. Proferir expressões como “Isso são só coisas da tua cabeça”, “Isso já passa” ou “Basta teres calma” não serão a melhor forma de abordar o caso. Ao estarmos efetivamente dispostos a ajudar, a empatia é algo que deve estar presente. Por muito que possamos não compreender o que se passa com a pessoa, a alternativa não deve passar nunca pela subestimação do seu problema. A paciência e a calma não devem ser esquecidas. Importa relembrar que ninguém escolhe ter um ataque de pânico, nem ninguém faz por merecer um.


Assim sendo, devemos, caso seja possível fazê-lo, acompanhar a pessoa até um lugar diferente, mais calmo e com menos ruído. Isso fará com que a pessoa se sinta mais segura e confiante de que será capaz de lidar melhor com a situação.


Por outro lado, devemos manter o foco em ajudar a que a pessoa se abstraia daquilo que está a sentir. Desta forma, é de evitar dizer “não penses nisso”. Se alguém nos dissesse para não pensar numa borboleta azul, qual seria a nossa tendência? O nosso primeiro instinto seria precisamente o de contrariar essa ordem, sendo que automaticamente a nossa mente nos levaria a idealizar uma linda borboleta azul.


Um outro forte aliado para que a situação se ultrapasse com mais facilidade, será o de colocar em prática a estratégia do 5-4-3-2-1, abordada na crónica anterior. Realizar este exercício em voz alta com a pessoa em questão, fará com que ela desfoque o seu pensamento do turbilhão de emoções que sente e que não está, certamente, a conseguir gerir.

A par disto, podemos desviar a atenção da pessoa de outras formas, falando-lhe de algo novo, ensinando-lhe alguma curiosidade…. Na verdade, qualquer coisa que a distraia será um bom elo.

Não menos importante será auxiliar a pessoa a ter uma respiração mais pausada e profunda, contando decrescentemente o tempo das inspirações ou expirações.


É bastante mais fácil do que aparenta ser, basta manter presente as regras de ouro – não desvalorizar, não questionar, ajustar os mecanismos que nós próprios colocamos em prática quando sofremos um ataque de pânico na primeira pessoa.



Vemo-nos no próximo nível?


Beatriz Bernardo





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