No dia a dia recorremos aos que nos são mais próximos quando precisamos de desabafar, pedir algum conselho ou simplesmente falar sobre o que nos vai na alma. Mas quantas vezes nos é dito que não nos devíamos estar a sentir de certa forma, ou que devíamos pôr a nossa situação em perspetiva, pois existe a alguém a passar por pior? E quantas vezes agimos de igual forma?
A verdade é que todos nós o fazemos, mesmo que inconscientemente. Tentamos fazer com que a outra pessoa se sinta melhor e temos até as melhores das intenções, mas o que realmente estamos a fazer é a discutir o porquê da pessoa não se poder sentir daquela maneira. Ora, não será este um sinal de que somos maus ouvintes? Esta atitude poderá levar a que os que nos rodeiam se fechem, que deixem de explicar o que se passa de errado. Há momentos em que as pessoas querem apenas ser ouvidas, mesmo que não lhes seja oferecida uma fórmula mágica para os seus problemas, e sabemos disto porque é o que queremos também no lugar delas.
É importante criar momentos em que praticamos empatia, não a confundindo com simpatia. Momentos de empatia são aqueles em que absorvemos a perspetiva do outro e sem julgamentos somos capazes de nos tornarmos vulneráveis, ao ponto de demonstrar que reconhecemos aquilo pelo qual a pessoa está a passar. Conseguimos encontrar os mesmos sentimentos dentro de nós, talvez até por causa de uma memória, talvez por termos vivido o mesmo. Há que ter em mente a realidade do outro e saber que existem diferenças entre todas as personalidades. Devemos praticar uma escuta ativa, que sendo atenta ajudará a que as palavras surjam e fluam naturalmente. E mesmo que tal não aconteça, acaba por ser preferível que não tenhamos uma resposta para o que nos acabaram de contar, do que responder algo apenas por simpatia e boa vontade, e isto porque raramente uma resposta irá fazer o outro sentir-se melhor.
Temos o poder de mudar e melhorar as nossas relações, sejam de que tipo forem, com ferramentas simples como esta e que podemos pôr em prática em qualquer altura das nossas vidas. Estaremos a criar espaço para mais abertura, confiança, e a melhorar a comunicação que tanta importância tem na construção destas nossas relações. As palavras podem carregar um imenso significado, mas alguns silêncios podem também ser reconfortantes e de igual forma válidos.
E por isso, em caso de dúvida, porque não apenas… ouvir?
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