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Solo Adventures e Sebê Nón: Transformam Vidas no feminino na Roça Agostinho Neto, São Tomé e Príncipe

Atualizado: 14 de out.


Associação Solo Adventures,

a casa dos Sonhadores/as Praticantes

Somos uma comunidade de Sonhadores/as Praticantes, cujo objetivo é inspirar e empoderar pessoas na procura pelo seu propósito de vida, bem-estar e saúde mental. Com atuação em Portugal, São Tomé e Príncipe e Brasil, trabalhamos para fomentar a consciência individual, social e cívica, através de uma metodologia centrada em autoconhecimento, autorrealização e ligações interpessoais.


O foco está no desenvolvimento humano, saúde mental e bem-estar emocional, promovendo uma melhor qualidade de vida e longevidade. Este compromisso está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, especialmente os pontos 3 (Saúde de Qualidade), 10 (Reduzir as Desigualdades) e 17 (Parcerias para a Implementação dos Objetivos).





Sebê Nón: Educar para a Igualdade


O Sebê Nón, cujo nome significa “o nosso saber” em crioulo forro, é um projeto de intervenção social que visa empoderar a população feminina de São Tomé e Príncipe, promovendo a educação e a igualdade de género. Criado por Sofia Dias Ramos em 2016, como parte do programa Spirit da WACT (We Are Changing Together), o projeto passou por uma fase de incubação em Portugal entre 2017 e 2018. Em 2019, o Sebê Nón foi implementado na Roça Agostinho Neto, no distrito de Lobata, São Tomé, onde continua a desenvolver atividades que combatem o abandono escolar e promovem a saúde e qualidade de vida das mulheres santomenses.



Programa Sonhadores Praticantes: Uma Parceria Transformadora


Desde 2022, a Solo Adventures e o Sebê Nón têm unido esforços para concretizar objetivos comuns através do "Programa Sonhadores Praticantes - mentoria e desenvolvimento humano". Este programa é direcionado a meninas e mulheres da Roça Agostinho Neto, visando superar disparidades sociais e econômicas e proporcionando oportunidades para alcançar seu pleno potencial.


Edição 2022





O programa adapta-se às necessidades específicas das participantes, oferecendo sessões de capacitação presenciais em grupo e mentoria individual online. Ao longo de sete meses, as mentoradas meninas e mulheres adultas participaram em sessões mensais com mentoras em Portugal, desenvolvendo projetos de vida e estabelecendo metas concretas que promovem a melhoria das suas condições de vida.




Espreitar aqui alguns momentos da segunda edição do Programa em 2023:

Edição 2023


Esta abordagem não só aumenta a confiança e o autoconhecimento das participantes, mas também contribui para a construção de uma comunidade mais resiliente e igualitária, alinhada com o ODS 10 (Reduzir as Desigualdades) - saber mais aqui.



As mentorias mensais à distância possibilitam o desenvolvimento dos projetos de vida de cada mentorada menina e mulher adulta. Para a mentorada Osmaura significou conseguir lançar o seu livro com um conto original e conhecer uma cientista santomense que a inspirou a continuar a lutar pelo seu sonho de trabalhar ter uma carreira nas áreas das ciências!

  • Edição de 2022 aqui

  • Saber mais sobre a edição de 2023 aqui

Edição 2024



Sessões presenciais em 2024 na Roça Agostinho Neto

Nos dias 27 de abril e 4 de maio de 2024 na Biblioteca da Roça Agostinho Neto, decorreram as sessões de capacitação presenciais complementares às mentorias individuais para todas as mulheres adultas interessadas.


Com o objetivo de ajudar as mulheres santomenses a desenvolverem o seu autoconhecimento, refletirem sobre os principais desafios que enfrentam na sua vida pessoal e como potenciarem a melhoria das suas condições de vida.


As atividades incluíram temas como bem-estar, finitude, gestão de tempo e educação financeira, utilizando exercícios escritos guiados pela equipa de voluntariado.




Edição 2023/2024


Foram convidadas a continuar a apostar no seu desenvolvimento pessoal e profissional podendo integrar na terceira edição de mentorias do Programa Sonhadores Praticantes para criarem os seus projetos de vida.


As sessões também tiveram a honra de receber uma visita oficial de representantes do Governo de São Tomé e Príncipe para conhecerem o trabalho realizado, especialmente com as mulheres adultas da comunidade.




Joana Feliciano - Fundadora e Presidente de Direção da Associação Solo Adventures.

Ver episódio completo do Programa "A minha geração" da Antena3 /RTP aqui



Testemunhos de voluntariado


Irineu Duarte, voluntário, Sintra - Portugal, 37

27 de abril de 2024, passam 5 minutos da meia-noite e estou sentado num avião, em Lisboa, a caminho da minha primeira experiência, como voluntário, no estrangeiro.

Apesar de calmo e sereno, para todos os efeitos, é uma primeira experiência e num continente onde nunca estive antes, África, mas todos dizem que, assim que pisamos e respiramos o ar deste continente, nunca mais somos os mesmos. Se é daqui que, cientificamente está comprovado, ser o berço da espécie humana, podemos senti-lo, assim que pisamos e respiramos o continente africano.

 

Ao sair, após 5 horas de voo e de alguma espera no avião, sinto uma parede de calor, misturada com humidade, que choca e aflora todos os meus sentidos …

 

“… então é deste bafo que todos falavam!!”

 

Como em qualquer outra experiência, tentamos precaver de tudo aquilo que é, desconhecido. Nesse campo, felizmente tive todo o apoio da Joana Feliciano, na verdade, era para subir uma montanha no Tenerife neste ano, mas após uma breve conversa, fiquei logo intrigado em perceber/ver/sentir tudo aquilo que me tinha sido tão bem descrito. Para mim, estavam lá, todos os ingredientes, viajar para um lugar desconhecido, com grandes carências humanas/sociais e com a natureza ainda no seu estado virgem.

Assim, inteiramente convencido, após alguns meses de planeamento, ali estava eu, fora do avião, acabadinho de chegar de Lisboa.

 

Foi com enorme alegria que vi uma dupla de Joanas, que ali estavam para receber a minha pessoa e inteirar-me de tudo o que já tinham andado a fazer. 

Alguns beijinhos, dois fortes abraços, malas na bagageira, janelas abertas (claroooo!!!) e já ouvia o “ronronar” do jipe, o “Jimmy”. Percebi logo nas primeiras curvas que pelo trabalho que a condutora estava a ter com a direção (pouco assistida) e a caixa de mudanças, que era preciso uma curva de aprendizagem para qualquer um que lhe colocasse as mãos em cima, não era defeito, era feitio.

 

Como primeiro conselho, posso dizer-vos o seguinte:

“… estão a ver a Europa? Esqueçam! Esqueçam qualquer padrão idealizado da sociedade e o seu funcionamento que experienciamos até então. Isto é uma nova experiência, pelo que, estejam abertos a essas duas coisas, ao que é novo e a toda e qualquer experiência, incomoda ou não… “

Ao experienciar os primeiros quilómetros, fiquei maravilhado, o meu semblante, poderia não expressá-lo, mas o meu interior, estava a ser inundado da maior alegria e surpresa, como á muito tempo, não sentia. Uma coisa é ver, vídeos no Youtube, reportagens na televisão, ou fotografias na internet, algo completamente diferente e visceralmente sensorial, é estar naquele momento, naquela ilha, há qualquer coisa no ar que, apura os nossos sentidos.

 

Sem grandes julgamentos, é visível toda a simplicidade das pessoas, na forma como se vestem, como se deslocam e onde vivem. Sem qualquer orgulho pela desconsideração humana que os “Descobrimentos”, trouxeram às suas ex-colónias, é ainda bastante patente e visível, alguns resquícios desses tempos. Principalmente nas roças onde estivemos, temos a sensação de estarmos a viajar no tempo, pois as casas, a própria calçada, as senhoras a lavarem a roupa nos rios, os vendedores ambulantes, as crianças com os seus brinquedos de madeira, tudo nos transporta para o fim do século XIX e o início do século XX. Para esta sensação, não tenho palavras suficientes que precisem o que senti, é preciso estar em São Tomé e Príncipe, para sentir todo o seu esplendor.

 

Acomodado na nossa pomposa (para o padrão local), mas ainda assim humilde residência, tenho um estranho sentimento, de familiaridade e pertença, como se da minha casa se tratasse. São tantas as nuances e momentos, que só de revivê-los, desperta em mim, um sentimento de bem-estar, que é familiar, a qualquer um que relembre uma experiência memorável na sua vida, como foi o caso.

 

Pela minha maneira de ser e mentalidade, nada foi uma dificuldade, foi tudo muito prazeroso, pois é, de uma imensa satisfação e prazer que sentimos, quando estamos de “braços abertos” para o “desconhecido”, sem a imposição de qualquer padrão de conforto ou bem-estar e é aqui, que temos muito a ganhar com esta experiência, de voluntariado a São Tomé e Príncipe.

Pois enquanto nas grandes cidades, estamos preocupados com as superficialidades e futilidades de uma sociedade que não vive, mas que corre, atrás de um padrão que nos é idealizado e instrumentalizado, aqui, sem nenhuma dessas “miragens mundanas”, retornamos á génese humana, do mais básico e elementar, que possa satisfazer as nossas necessidades, sem qualquer tipo de consentimento para elevar essa mesma carência.

 

A fome é saciada, com o melhor que a terra dá e garantidamente, com pouco ou nenhum componente não-natural, pois é percetível nos sabores da terra e a cada novo paladar, é como se viesse, á nossa memória, a comida da nossa mãe/avó. As atividades recreativas e de lazer, são brindadas com praias desertas e paradisíacas.

 

Não há aborrecimento, há sim, uma pausa, uma longa e extensa pausa, nas nossas vidas, para finalmente, pararmos. Ali, nada, nem ninguém nos incomoda por estarmos parados, o silêncio não existe ao fecharmo-nos em casa, o silêncio existe nas ruas, onde ouvimos as vozes das poucas pessoas e na ausência delas, ouvimos a natureza, como nunca a ouvimos antes.

 

Tive o privilégio de ser o único homem, com quatro mulheres! Que melhor companhia teria, com pessoas tão inspiradoras e bem-dispostas, pois até mesmo nos seus femininos queixumes, no fim, lá nos riamos. Sempre fui um enorme admirador da “Mulher”, como uma criação divina, aperfeiçoada pela natureza e a representação do pináculo humano, daquilo que são os valores da superação, força e amor.

“Ainda assim, reconheço que possa ter voltado a Portugal, com um ou outro, cabelo branco!”

 

Por fim, o trabalho de voluntariado.

 

Não posso dizer que tinha sido um trabalho, não no sentido do desgosto que essa palavra traz para alguns e da qual, muitos fogem, como o diabo da cruz, mas antes, no sentido do cumprimento de uma missão, especialmente humanitária e baseada num princípio universal, o de “ajudar o próximo”.

Com a apresentação do projeto a ser feita no dia do meu aniversário, não podia ter escolhido melhor altura, pois nunca imaginei que, ao ser parabenizado, por uma plateia de desconhecidos, me fizesse sentir tão bem, acredito, no entanto, que, quando a índole das pessoas é positiva e verdadeira, “algo” chega até nós e nesse dia, esse “algo”, tocou em mim.

 

No final da apresentação, senti-me radiante, com um sentimento de missão cumprida. Como é óbvio, ainda há muitos passos a dar, mas se os passos seguintes forem tão bem delineados, como o passo que iniciou este projeto, não tenho dúvidas do seu grandioso resultado.

 

Resultado esse que, não é só para a comunidade, que são, os que mais precisam do esforço dos voluntários, o retorno desse esforço, é na mesma medida, para cada um dos voluntários.


 

Há algo que nos transcende quando fazemos o bem, há algo que nos eleva o espírito quando nos tornamos tão humildes, quanto os mais humildes. É um privilégio, único, dedicar o nosso tempo de vida, para “dar as mãos” a outros, é algo tão aditivo como valioso e no fim, só queremos mais. Em pouco tempo, esse “vício”, torna-se a nossa maior posse e o que vestimos, onde pernoitamos e o que comemos torna-se quase secundário, genuinamente, sentimos que estamos a entranhar a nossa génese e que chegamos ao nosso “ADN humanitário”, para em última instância, nos confrontarmos com a realidade….

 

 

“…é esta a minha missão e é isto que me faz sentir vivo e realizado!”

 

 

 

Esta foi, pelo menos, a minha realidade, no fim desta missão!

 

Estou convicto que não é, nem poderá ser, a minha última, mas espero que, com o meu testemunho, possas sentir que, ao dar esta oportunidade, única, a ti mesmo/a, venhas a descobrir “um sentido maior” e talvez até, o teu “propósito de vida”!

 

 

Um beijo muito especial e carinhoso para as minhas grandes amigas de missão! Foi de coração cheio que vos deixei, mas ansioso, por voltarmos a São Tomé e Príncipe, onde fomos, imensamente felizes!





Joana Lopes, voluntária, Porto - Portugal, 30+ anos










As surpresas com o projeto começaram muito antes de chegar a São Tomé. As participantes tinham-nos pedido para organizarmos sessões à volta dos temas da Gestão de tempo, Foco, Finitude e Projeto de vida. Tanta distância entre nós e as preocupações são as mesmas: para que é que nascemos e como podemos usar bem o nosso tempo antes de desaparecermos? Nas sessões de capacitação as semelhanças continuaram. Encontrei na sua postura, palavras e reflexões pessoas com uma urgência de se cumprirem enquanto mulheres com projetos e sonhos. No entanto, é impossível não reparar também na maior diferença de todas: as oportunidades que eu tive enquanto filha, irmã, aluna, amiga, trabalhadora e cidadã por crescer e viver numa sociedade, que mesmo ainda tendo muito para andar, se apresenta mais igualitária do que a realidade daquelas mulheres. Mas se há lição que as mulheres são tomenses no projeto também nos lembraram, é que o mundo não avança pelos lamentos e queixas, mas sim quando pegamos neles e nos unimos para criar um lugar de fraternidade, partilha e construção de novas ideias.



Andreia Meneses, voluntária, Lisboa - Portugal, 40+ anos










“Estar lado a lado com estas mulheres foi um privilégio. Mostraram-me a importância da comunidade e de partilha. Muitas destas mulheres tinham histórias de vida difíceis, mas têm uma determinação imensa em melhorar as suas condições de vida e as das suas famílias. Esta não foi apenas uma oportunidade para tentar contribuir de alguma forma, foi uma lição de vida. Aprendi que, mesmo nas circunstâncias difíceis em que se encontram, a esperança e a vontade de melhorar são forças poderosas. O espírito de união que mostram, e a generosidade,  fazem com que seja possível ultrapassar os muitos obstáculos que enfrentam e criar um futuro melhor para todas.“


Maria Helena Torres, voluntária, Lisboa/Tomar - Portugal, 60+ anos









A perceção e o confronto com a realidade vivida pelas mulheres de São Tomé e Príncipe foram duros e empoderantes. Sinto-me até hoje muito grata e feliz por esta experiência. É notório o papel determinante que as mulheres santomenses têm no dia a dia da comunidade: na agricultura, na educação dos mais novos, no apoio à família, especialmente aos mais velhos. Elas constroem o futuro global daquele território, debatendo-se e lutando diariamente contra pobreza, discriminação em suas diversas formas, falta de oportunidades, violência doméstica e sexual, falta de bases estruturais, especialmente na educação/literacia. E, apesar de tudo isso, são um pilar de força, trabalho e exemplo. Foi muito importante perceber que um futuro melhor em São Tomé e Príncipe passa principalmente pelo desempenho, força, perseverança e coragem dessas mulheres. Elas são um exemplo de como o mundo pode evoluir para melhor, se o caminho for construído com base no amor, fé e confiança em um mundo melhor para todos. Ficamos com a boa sensação, ao nos depararmos com estas “bravas e humildes guerreiras”, que nosso esforço, empenho e trabalho enquanto voluntários podem fazer, sim, diferença.

Impacto e Futuro


Ao promover um espaço seguro e livre de julgamentos, o "Programa Sonhadores Praticantes" permite que as participantes explorem aspectos cruciais das suas vidas, como a sua identidade, os seus valores, uma orientação/propósito que possam transformar os seus sonhos em objetivos concretos. Através desta iniciativa, a Solo Adventures e o Sebê Nón contribuem diretamente para a redução das desigualdades em São Tomé e Príncipe, capacitando as meninas e mulheres a superarem barreiras, tirarem mais tempo para si e a alcançarem os seus objetivos.


A colaboração entre a Solo Adventures e o Sebê Nón demonstra como ações locais podem ter um impacto global, avançando em direção à Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Com uma equipa de voluntariado maioritariamente feminina, trabalham juntas para promover o empoderamento e a emancipação das mulheres, transformando vidas e fortalecendo comunidades em São Tomé e Príncipe.


Saber mais sobre este projeto aqui, aqui e aqui.


Gostavas de fazer parte da equipa de voluntariado Solo Adventures? Espreita aqui.

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