Sonhar aos 20, recomeçar aos 40 - Por uma sonhadora que aprendeu que o tempo não manda no coração

Aos 20 anos, achamos que sabemos tudo. Temos pressa no peito e o mundo nas mãos. Carregamos mil e um sonhos. Dizem-nos que é agora ou nunca. Que temos de escolher rápido, conquistar cedo, provar que somos capazes. E nós acreditamos!

Aos 20, sonhei com uma carreira brilhante, uma vida “certinha”, um amor de cinema, uma família feliz. Fiz planos em folhas soltas, desenhei futuros que achava imutáveis. Segui caminhos que não eram meus, mas que me garantiam segurança — ou assim me diziam. Quis ser adulta antes do tempo. E, na ânsia de chegar a algum lado, perdi-me de mim.

Aos 40, percebi que nada do que sonhei aconteceu como imaginei. Não havia amor de cinema. Carreira brilhante. Vida certinha. Nem um cem número de tantas outras coisas que havia planeado. Mas também percebi que estava tudo certo assim. Não tinha de haver.

E foi aí que percebi que tinha de recomeçar. Não só recomeçar o meu plano, mas a minha vida. Recomeçar aos 40 não é fracasso. É coragem.

É olhar para a vida com a bagagem de quem já caiu mil vezes e se levantou mil e uma, já amou mal e sofreu, já escolheu por medo e assim se manteve, já disse “sim” quando na verdade queria fugir e dizer não. Recomeçar aos 40 é libertar-se da obrigação de ter tudo resolvido. Recomeçar com 40 é recomeçar em liberdade e com muito mais certeza. É, finalmente, viver com intenção.

Hoje, os sonhos são outros. Ou talvez sejam os mesmos — mas agora com raiz e flor. Quero tempo. Quero presença. Quero amizade. Quero emoção. Quero amor. Por mim, primeiro. E por todos os que o quiserem receber. Quero sentir que estou onde escolhi estar. Onde me acolheram e me acarinharam. Recomecei sem manual. Despedi-me de “deverias” e “já não vais a tempo”. A verdade? Vou a tempo de tudo. Acreditem, vamos e estamos sempre a tempo.

Sonhar aos 20 é impulso. Recomeçar aos 40 é escolha.

E se aos 20 era a pressa que me movia, aos 40 é a verdade e o amor no seu estado mais puro. É a autenticidade que agora me guia. Hoje, o meu maior luxo é não precisar de fingir, não carregar máscaras que pesam e escondem quem realmente sou. Recomecei com menos certezas, mas muito mais coragem e serenidade.

Faço o que me faz feliz. Sou feliz a fazer os outros felizes. A ajudar, a ouvir, a partilhar o que aprendi e continuo a aprender. Porque a vida aos 40 não é sobre acumular conquistas para exibir; é sobre encontrar sentido no que fazemos e paz no que sentimos.

Se estás a chegar aos 40, ou já passaste, e sentes que a tua vida precisa de outro rumo, acredita: não é tarde. Nunca é. Recomeçar não é sinal de fracasso — é o maior sinal de amor-próprio e maturidade. É reconhecer que a vida se transforma e que nós nos podemos transformar com ela.

Porque há sonhos que só florescem quando deixamos de correr atrás do tempo… e começamos a caminhar ao ritmo do coração. É na calma dos passos conscientes que encontramos o verdadeiro significado de viver. E, aos 40, o caminho pode ser tão belo quanto o destino.

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E quando o primeiro sonho não resultar, para, respira fundo... e segue em frente, tentando um novo caminho!